Minha pesquisa de Iniciação Científica na USP se intitula Literatura e Cultura popular: A representação de África nas letras de samba-enredo, e foi feita com orientação do Prof. Dr. Émerson da Cruz Inácio. A ideia para esta pesquisa surgiu através do contato com o samba-enredo Áfricas: do berço real à corte brasiliana apresentado no carnaval de 2007 pela escola de samba Beija Flor de Nilópolis. Esse enredo provocou debates na mídia e entre intelectuais sobre a forma como a África é representada nas letras de samba-enredo. Decifrar verdades e mentiras, mitos e história real tornaram-se uma necessidade, ainda mais levando-se em conta a lei 10.639 que determina o ensino de História e Culturas de base africana nos ensino fundamental e médio. A lei e o fascínio pela temática me mostraram o quão necessário era refletir sobre a influência da cultura africana sobre a cultura brasileira.
20 de novembro de 2010
Apresentação no SIICUSP 2010, post em homenagem ao Dia da Consciência Negra
Minha pesquisa de Iniciação Científica na USP se intitula Literatura e Cultura popular: A representação de África nas letras de samba-enredo, e foi feita com orientação do Prof. Dr. Émerson da Cruz Inácio. A ideia para esta pesquisa surgiu através do contato com o samba-enredo Áfricas: do berço real à corte brasiliana apresentado no carnaval de 2007 pela escola de samba Beija Flor de Nilópolis. Esse enredo provocou debates na mídia e entre intelectuais sobre a forma como a África é representada nas letras de samba-enredo. Decifrar verdades e mentiras, mitos e história real tornaram-se uma necessidade, ainda mais levando-se em conta a lei 10.639 que determina o ensino de História e Culturas de base africana nos ensino fundamental e médio. A lei e o fascínio pela temática me mostraram o quão necessário era refletir sobre a influência da cultura africana sobre a cultura brasileira.
30 de outubro de 2010
Vetar Monteiro Lobato? Não!
Em parecer do Conselho Nacional de Educação divulgado nesta semana, chegou-nos a informação de que o livro "Caçadas de Pedrinho" escrito em 1933 por Monteiro Lobato pode ser vetado nas escolas públicas. Depois de tantos anos querem censurar os escritos de Lobato! A alegação para o veto é de que a obra contém termos racistas... Será que se Lobato estivesse vivo iriam tentar prendê-lo por racismo?!
18 de outubro de 2010
Poesia da negritude moçambicana: antecedentes e desdobramentos
A poesia moçambicana é caracterizada pela busca da construção de uma identidade nacional, não há uma identidade moçambicana preexistente, mas sim construída. Os poetas moçambicanos têm a plena consciência dessa construção que é formada pelos processos históricos, assim, a construção da identidade da negritude moçambicana é dada pelas experiências políticas e culturais pelas quais Moçambique passou.
. LABAN, Michel. Moçambique, encontro com escritores. Porto: Fundação Engenheiro António de Almeida, 1998. V.1 (Entrevista com Noémia de Sousa).
. MACEDO, Tânia; MÂQUEA, Vera. Moçambique. In Literaturas de Língua Portuguesa: Marcos e Marcas. São Paulo: Arte & Ciência, 2008.
. SILVA, Manoel de Souza e. Do Alheio ao Próprio: A poesia em Moçambique. São Paulo: EDUSP, 2008.
15 de outubro de 2010
A ausência do pai simbólico em Ao Mestre com Carinho
4 de outubro de 2010
O silêncio e o vazio
Tanto julgamento infundado, tanto alarmismo, tanto conservadorismo, tanto conformismo, tanto preconceito, aliás, vários pré-conceitos sem cabimento, sem embasamento, sem profundidade, sem verdade, tão vis, tão mesquinhos! Aquilo tudo lhe sufocava... Tanta gente vazia num imenso espaço que precisava ser preenchido, como preenchê-lo? Encontrar tais respostas era ainda mais difícil! Como as pessoas podiam ser assim tão baixas e tão pequenas? Queria rebelar-se, apontar, confrontar esse universo de insanos, mas não podia, não valeria a pena, pois ia ser um grito no vácuo! E a insanidade pareceria lhe pertencer e não aos outros... O que fazer e o que falar? Queria debater, mas não queria brigar! No entanto, há debate com a forma sem conteúdo, com o discurso vazio, com a ignorância que se acha inteligente, com seres falsamente preocupados e que tentam disfarçar seu individualismo, mas não conseguem, são egoístas, não pensam no todo e nunca pensarão?!
Como isso lhe causava uma sensação de dor e de morte! As palavras em resposta a essa gente seriam jogadas ao vento, o silêncio seria a melhor resposta. Ia tomando amargamente o silêncio... O silêncio silenciava a sua própria alma, evitava as brigas que não queria travar, mas a tornava muito mais vazia do que as pessoas vazias que criticava. E o aperto se apertava...
Por Natália Chagas
21 de setembro de 2010
Minhas Leituras - "Magneto - Testamento": a origem da vilania
25 de agosto de 2010
Meu malvado favorito e a literatura infantil
23 de agosto de 2010
Minhas experiências
27 de julho de 2010
Cinderela: Do conto ao Cinema
Que garota, durante a infância, nunca sonhou em se tornar princesa como Cinderela? Esse conto de fadas de uma forma ou de outra sempre estará presente em nosso imaginário. Da garota mais romântica à garota mais independente sempre haverá um espaço para essa história ser recontada e reinventada.
O conto que fala sobre Cinderela é um dos mais populares do mundo, sua origem é atemporal e há inúmeras versões da história. Há nessa narrativa muito mais do que uma trama romântica. Cinderela é possivelmente um dos arquétipos mais enraizados, narrados e recontados da cultura ocidental e insere seus leitores/espectadores na linguagem dos símbolos. Desta forma, o seu eixo dramático desenvolveu inúmeras outras obras da literatura ao cinema. As diferentes versões do conto acabam por renovar, em linguagem verbal ou não, esse conto de fadas onde há uma história de amor com final feliz, incluindo elementos, ou alterando os papéis temáticos das personagens.
Basicamente, o conto aborda virtudes como a beleza, bondade, amizade, paciência e esperança. Cinderela apesar de ter essas virtudes, perdeu a proteção dos seus pais e assim, fica privada dos direitos familiares. Cinderela funciona como um símbolo da mulher pobre que ascende socialmente através do matrimonio, pois sua beleza e bondade seduzem o seu príncipe/protetor.
A versão mais conhecida para o argumento de Cinderela é essa: "Um gentil homem viúvo e com uma filha casa-se com uma viúva com duas filhas. Uma vez dona e senhora da casa, a madrasta domina o marido e maltrata a enteada. As filhas da madrasta chamam-lhe Cinderela porque está sempre suja com fuligem da chaminé; no entanto, é elegante por natureza. Um dia o filho do rei decide fazer um baile para o qual convida todas as moças distintas da região, incluindo as duas irmãs. Sozinha e humilhada, Cinderela desata a chorar. Então aparece a sua fada-madrinha que, com a varinha mágica, transforma uma abóbora numa bela carruagem, os seis ratinhos em fogosos cavalos e os seis lagartos em criados. Por último, a fada transforma os seus trapos num magnífico vestido e as suas sapatilhas num par de sapatos de cristal. Antes de se despedir, a fada-madrinha recomenda-lhe que regresse antes da meia-noite. O príncipe passa toda a noite com Cinderela, mas a rapariga sai a correr sem se despedir quando ouve a primeira balada da meia-noite. O jovem segue-a, mas não consegue alcançá-la; na fuga, Cinderela perde um sapatinho. Poucos dias depois o filho do rei anuncia que se casará com a pessoa cujo pé sirva no sapato. Todas as donzelas da corte experimentam-no, mas ninguém o consegue calçar. Apesar da zombaria das duas irmãs, Cinderela consegue experimentar o sapatinho. Para espanto de todos, ela é a bela donzela que se casará com o príncipe."
O primeiro registro dessa narrativa é de 860 a.C. na China, onde havia o costume de enfaixar os pés das meninas, o que comprometia os seus movimentos e assim, sua autonomia. Os pés pequenos/atrofiados tornaram-se um símbolo de beleza. No ocidente a primeira versão que se tem registro é do italiano Basile em 1637, mas a primeira versão a ganhar fama foi a de Perrault. Perrault fez com Cinderela o mesmo que fez com outros contos da tradição oral européias, os adaptou para o gosto da corte do Rei Luis XIV: relatando um grande baile com vestidos belíssimos, penteados, muitos criados e introduzindo o elemento do sapatinho de cristal. Na versão de Perrault há espaço para o perdão concedido por Cinderela às irmãs. Já na versão dos irmãos Grimm além de não existir a figura da fada madrinha, há espaço para a punição, pois dois pombos picam os olhos das irmãs deixando-as cegas.
A fada madrinha é um personagem muito importante no conto. Recorrendo à magia ela transforma os objetos mais humildes em artigos de luxo. De certa maneira ela representa alguém de estatuto superior ao de Cinderela, e que se torna chave fundamental para a progredir na vida. Afinal, sem a ajuda da fada, Cinderela continuaria a ser pobre. Na ausência dos pais, a fada-madrinha representa uma entidade que protege e ajuda Cinderela, e em outras versões aparecerá representada de diferentes formas.
No cinema, a versão mais conhecida é a animação clássica da Disney, de 1950.
Versões do cinema:
Cinderela:
Titulo original: (Cinderella)
Lançamento: 1950 (EUA)
Direção: Clyde Geronimi , Wilfred Jackson , Hamilton Luske
Atores: Ilene Woods , Simone de Morais , Eleanor Audley , Tina Vita , Verna Felton
Duração: 74 min
Gênero: Animação
Cinderela (Ilene Woods) vive com sua madrasta, Lady Tremaine (Eleanor Audley), e as duas filhas dela. Obrigada a trabalhar como empregada da casa, ela tem como amigos apenas os animais que a rodeiam. O local em que vive está agitado devido ao baile que será realizado no castelo, o qual contará com a presença do príncipe (William Phipps). Como Lady Tremaine pretende que uma das filhas se case com ele, elas se preparam com requinte para o evento. Cinderela, entretanto, não pode ir. Até que surge a Fada-madrinha (Verna Felton), que dá a Cinderela um vestido e condições para que possa ir ao baile em alto estilo. Entretanto há uma condição: Cinderela precisa retornar antes da meia-noite, caso contrário o feitiço será desfeito.
Para Sempre Cinderela:
Titulo original: (Ever After)
Lançamento: 1998 (EUA)
Direção: Andy Tennant
Atores: Drew Barrymore , Anjelica Huston , Dougray Scott , Patrick Godfrey , Megan Dodds
Duração: 120 min
Gênero: Romance
Nesta versão a rainha da França chama os irmãos Grimm no palácio para dizer que aprecia muito a obra deles, mas que a história da Gata Borralheira não foi contada corretamente. Desta forma começa a narrar que sua tataravó Danielle ficou feliz quando o pai se casou novamente. Quando o pai falece, a madrasta e uma das irmãs revelam sua maldade, Cinderela conhece o príncipe, príncipe Henry, antes do baile. Não há fada-madrinha, mas a ajuda de Leonardo Da Vinci.
A Nova Cinderela:
Titulo original: (A Cinderella Story)
Lançamento: 2004 (EUA)
Direção: Mark Rosman
Atores: Hilary Duff , Jennifer Coolidge , Chad Michael Murray , Dan Byrd , Regina King
Duração: 96 min
Gênero: Comédia Romântica
Sam Montgomery (Hilary Duff) é uma jovem estudante do ensino médio, que vive com sua madrasta Fiona (Jennifer Coolidge) e as filhas dela, que a tratam da pior maneira possível. Sam leva uma vida sem grandes agitações e tem planos de cursar a Universidade de Princeton. Sua vida muda quando ela conhece, através da Internet, seu príncipe encantado. Porém logo Sam descobre que ele é na verdade Austin Ames (Chad Michael Murphy), um garoto popular que é também jogador de futebol americano do time de sua escola. Temendo ser rejeitada por Austin, ela passa a tentar despistá-lo de todas as formas, tentando manter em segredo a identidade da garota com quem ele conversou através da Internet.
Deu a Louca na Cinderela:
Título original: (Happily N'Ever After)
Lançamento: 2007 (Alemanha) (EUA)
Direção: Paul Bolger , Yvette Kaplan
Atores: Andy Dick , Sarah Michelle Gellar , Freddie Prinze Jr. , Lisa Kaplan , Patrick Warburton
Duração: 87 min
Gênero: Animação
Como está tudo programado no mundo dos contos de fada para que haja um final feliz, o Mago (George Carlin), responsável pelo equilíbrio entre as forças do bem e do mal, decide sair em férias. Ele deixa seus assistentes, Mambo (Andy Dick) e Manco (Wallace Shawn), cuidando de tudo. Porém um erro faz com que Frieda (Sigourney Weaver), a madrasta da Cinderela, tenha a posse do cajado mágico. Seu objetivo é tomar o controle do mundo de contos de fada, fazendo com que os vilões vençam e que os finais das histórias jamais sejam felizes novamente. Isto faz com que Cinderela (Sarah Michelle Gellar), mais conhecida como Ella entre os amigos, tenha que encontrar um meio de deter Frieda, contando com a ajuda de Rick (Freddie Prinze Jr.), Manco, Mambo e um exército composto de fadas e anões.
Versões indiretas do conto:
Sabrina:
Titulo original: (Sabrina)
Lançamento: 1954 (EUA)
Direção: Billy Wilder
Atores: Humphrey Bogart , Audrey Hepburn , William Holden , Walter Hampden, John Williams
Duração: 113 min
Gênero: Comédia Romântica
Dois irmãos pertencem à uma poderosa família, sendo um deles (Humphrey Bogart) é um empresário incansável e o outro (William Holden) é um playboy incorrigível. Mas quando a filha do motorista (Audrey Hepburn) retorna de viagem, após passar dois anos em Paris, o playboy se modifica e, como ela sempre foi apaixonada por ele, tudo seria muito fácil de acontecer. Mas se os dois se casarem um poderosa fusão deve ser prejudicada, assim o irmão empresário decide intervir e também acaba se apaixonando por ela.
Cinderela em Paris:
Titulo original: (Funny Face)
Lançamento: 1957 (EUA)
Direção: Stanley Donen
Atores: Audrey Hepburn , Fred Astaire , Kay Thompson , Michel Auclair , Robert Flemyng
Duração: 103 min
Gênero: Comédia Romântica
Um famoso fotógrafo de modas, Dick Avery (Fred Astaire), trabalha para a Quality Magazine, uma conceituada revista feminina. Dick cumpre as determinações da editora da revista, Maggie Prescott (Kay Thompson), que não está satisfeita com os últimos resultados e tenta encontrar um "novo rosto". Dick o acha em Jo Stockton (Audrey Hepburn), uma balconista de uma livraria no Greenwich Village onde um ensaio fotográfico ocorrera recentemente. Após certa resistência, Maggie aceita Jo como a modelo que irá à Paris para fotografar e ser o símbolo da Quality. Jo só concorda pois lá poderá conhecer Emile Flostre (Michel Auclair), um intelectual cujas idéias ela idolatra. Entretanto, ao chegarem em Paris as coisas não correm como o planejado.
Cinderela às Avessas:
Título Original: Maid to Order
Gênero: Comédia, Família
Direção: Amy Holden Jones
Elenco: Merry Clayton (Merry Clayton)Valerie Perrine (Georgette Starkey)Michael Ontkean (Nick McGuire)Dick Shawn (Stan Starkey)Beverly D'Angelo (Stella)Ally Sheedy (Jessie Montgomery)Tom Skerritt (Charles Montgomery)Begonya Plaza (Maria)Rain Phoenix (Brie Starkey)
Lançamento: 1987
Duração: 93 minutos
Menina, órfã de mãe, mora em Beverly Hills e é muito mimada pelo pai, que faz estranho pedido aos céus e muda a história da família.
Uma Linda Mulher:
Titulo original: (Pretty Woman)
Lançamento: 1990 (EUA)
Direção: Garry Marshall
Atores: Richard Gere , Julia Roberts , Ralph Bellamy , Jason Alexander , Laura San Giacomo
Duração: 119 min
Gênero: Romance
Magnata perdido (Richard Gere) pede ajuda uma prostituta (Julia Roberts) que "trabalha" no Hollywood Boulevard e acaba contratando-a por uma semana. Neste período ela se transforma em uma elegante jovem para poder acompanhá-lo em seus compromissos sociais, mas os dois começam a se envolver e a relação patrão/empregado se modifica para um relacionamento entre homem e mulher.
Cinderela Baiana:
Título original: Cinderela Baiana
Gênero: Comédia
Duração: 85min.
Lançamento: 1998
Direção: Conrado Sanchez
Elenco: Carla Perez, Alexandre Pires,Perry Salles, Lázaro Ramos
Carlinha, menina pobre, mora numa favela no sertão da Bahia. Ainda pequena perde a mãe, que morre do coração, e muda-se com o pai para Salvador. Na capital baiana, o pai torna-se advogado e Carlinha dança nas ruas com os meninos do Pelourinho, até ser descoberta pelo empresário inescrupuloso Pierre, que passa a explorá-la. Acaba atingindo a fama e encontrando seu príncipe encantado, um popular cantor de pagode.
Cinderelas, Lobos & Um Príncipe Encantado:
Titulo original: (Cinderelas, Lobos e um Príncipe Encantado)
Lançamento: 2009 (Brasil)
Direção: Joel Zito Araújo
Atores: Joel Zito Araújo
Duração: 107 min
Gênero: Documentário
Cerca de 900 mil pessoas atravessam as fronteiras internacionais para atender ao mercado de exploração sexual. Apesar de todos os perigos, várias mulheres entram neste universo por acreditar que possam mudar de vida e encontrar um príncipe encantado.
***Esse texto foi produzido por Natália Chagas para matéria de Literatura Infantil e Juvenil I: Linguagens do Imaginário da Faculdade de Letras da USP. Matéria ministrada pela Profa. Dra. Maria Zilda Cunha.
*** Fontes:
. EDITORA PLANETA DEAGOSTINI. Cinderela. In: Bonecas de conto de porcelana.
. LEONEL, Maria Célia; NASCIMENTO, Edna M. F. S. CINDERELA NA LITERATURA E NO CINEMA. In: IV Congresso Internacional da Associação Portuguesa de Literatura Comparada. UNESP/Araraquara.
. MESSIAS, Érica Lara; MODA, Luana de Oliveira; GARCIA, Suzana Balbino Garcia. Dois sapatinhos e uma Cinderela: O diálogo entre o conto Cinderela e os filmes Cinderela e A Nova Cinderela. UNI-FACEF, Franca, 2007.
10 de julho de 2010
Meus textos - O narrador e a vida moderna aplicada à escola
Hoje, 74 anos após, o texto do pensador alemão ainda suscita discussões e tais discussões, podem ser pensadas a partir de uma avaliação da educação nos tempos atuais. Há espaço para a narrativa no mundo contemporâneo, a narrativa ainda sobrevive de alguma forma?
BENJAMIN, W. O Narrador. In: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
18 de junho de 2010
Minha homenagem - José Saramago
Comunista, ateu, crítico à Igreja Católica, leitor e crítico da sociedade... Saramago foi o escritor de língua portuguesa mais traduzido no mundo, levou a literatura portuguesa (e toda a produção literária em língua portuguesa) à um status nunca antes alcançado. Nossa língua mãe ganhou prestígio mundial com a obra de José Saramago. Ler Saramago é fundamental! Ele nos provou que a ficção é a melhor estância de compreensão do outro e que diante dos mistérios da escrita e da leitura, múltiplas verdades se contradizem. Assim, nada é absoluto, não há uma única verdade histórica ou literária, tanto a História como a Literatura estão sujeitas há uma cadeia de sobreleituras. A leitura torna-se então, uma labirinto onde o ficcional e o real se chocam e se confundem, é uma relação balanceada de "verdades históricas" e "mentiras literárias". Saramago dizia que a morte era simplesmete a diferença entre estar aqui e já nao estar... Ele já não está mais aqui, e como lamentamos! Para mim há quatro grandes e "imortais" escritores portugueses que formam o canône da literatura portuguesa. Saramago foi compor essa constelação! Hoje no "Olimpo dos escritores portugueses" estão: Camões, Pessoa, Eça e Saramago... confundem e se encontram.
13 de maio de 2010
Minhas análises
Kizomba, a festa da raça
Autores: Rodolpho, Jonas, Luiz Carlos da Vila
Valeu Zumbi!
O grito forte dos Palmares
Que correu terras, céus e mares
Influenciando a abolição
Zumbi valeu!
Hoje a Vila é Kizomba
É batuque, canto e dança
Jongo e maracatu
Vem menininha pra dançar o caxambu (bis)
Ôô, ôô, Nega Mina
Anastácia não se deixou escravizar (bis)
Ôô, ôô Clementina
O pagode é o partido popular
O sacerdote ergue a taça
Convocando toda a massa
Neste evento que congraça
Gente de todas as raças
Numa mesma emoção
Esta Kizomba é nossa Constituição (bis)
Que magia
Reza, ajeum e orixás
Tem a força da cultura
Tem a arte e a bravura
E um bom jogo de cintura
Faz valer seus ideais
E a beleza pura dos seus rituais
Vem a Lua de Luanda
Para iluminar a rua (bis)
Nossa sede é nossa sede
De que o "apartheid" se destrua
Valeu!
Análise: Kizomba, a Festa da raça*
A letra deste samba-enredo da Vila Isabel nos traz a representação de um negro que resistiu à escravidão; mais do que isso, um negro que não deixou de lutar contra o preconceito racial, que não perdeu a esperança por liberdade e igualdade. Essa representação se dá através de uma formação discursiva que nos traz enunciados que remetem a heróis e personagens marcantes da cultura negra do Brasil, como Zumbi dos Palmares, a escrava Anastácia e a sambista Clementina de Jesus. Há também a representação de elementos que compõe a cultura religiosa e festiva do negro: a kizomba, jongo, maracatu, caxambu, pagode, ajeum e orixás.
Há outras razões discursivas que devem ser levadas em conta no enredo da Vila Isabel. Em primeiro lugar, as razões históricas, pois em 1988 se comemorava os 100 anos da abolição da escravatura do país e marcava também a implementação da nova Constituição brasileira. A compreensão desses dados é uma chave para a análise deste samba-enredo. Kizomba funcionará como um signo linguístico que nos remete a uma festa de resistência cultural de um povo e que irá articular dois sujeitos: o histórico e o ideológico (negro como escravo, como subcidadão depois de liberto; o imaginário coletivo do negro e sobre o negro). Histórico porque faz referência a um estilo musical, a uma dança e festa que passaram a ser assim designadas na década de 80, em Angola, por grupos pertencentes às Forças Armadas pela Libertação de Angola. Vale lembrar que durante a formação do MPLA na década de 70 , um grupo de artistas brasileiros (entre eles Martinho da Vila e Chico Buarque) viajou à Angola e isso pode ter influência sobre o imaginário de "Kizomba". E ideológico porque engloba toda a congregação de povos que resistiram à opressão, a toda festa de um povo que resistiu bravamente à escravidão. A Kizomba de Vila Isabel configura-se no espetáculo do Carnaval carioca. O Carnaval é uma festa popular que atinge todo o povo, assim, a kizomba que a Vila diz ser "nossa Constituição" pressupõe a confraternização de todas as culturas, um símbolo pelo direito a igualdade de todas as raças.
Outra marca entre História e ideologia está na referência ao Apartheid. No trecho que diz "Nossa sede é nossa sede/De que o "apartheid" se destrua", a formação discursiva não nos remete apenas ao regime imposto na África do Sul desde 1948, que separava negros e brancos e que desqualificava o negro como cidadão, mas também nos remete à um apartheid simbólico que ainda separa o negro do branco. A construção desse discurso nos mostra que mesmo celebrando os 100 anos do fim da escravidão, mesmo que haja uma festa que congrace todas as raças, há ainda uma diferença de direitos, há ainda um preconceito implícito em todas as sociedades e que ainda precisa ser vencido.
"Kizomba, a Festa da raça" não é um samba ressentido, nem de protesto, mas um samba que apesar de celebrar tem uma pontuação crítica. Pode-se supor que o processo discursivo não tem um fim, está no domínio da antecipação. Na análise do discurso, o domínio da antecipação é o que dá abertura às relações discursivas, relacionando o domínio da memória com o da atualidade. Isso porque há interação entre o negro do passado com o negro para quem se canta, porque há uma ponte entre o negro herói, valente, mártir com o negro que, mesmo liberto, ainda tem que lutar por seus direitos, um negro que mesmo festejando ainda tem que destruir as separações raciais e sociais. Há a interação do negro narrado pelo discurso da História como o negro da realidade atual que ainda tem que construir uma nova História do seu povo. A kizomba da Vila Isabel construiu seu discurso na celebração de um negro que lutou e sofreu sozinho pela liberdade com a celebração de uma festa popular que pode alertar para que todas as culturas unam-se em busca do fim das diferenças.
* Por Natália Chagas, Letras/USP, 2009.
Hoje, 13 de Maio, não é uma data celebrada pelos negros... Os 122 anos do fim da escravidão não é mais muito falado, as discussões pertinentes à segregação racial passaram para dia 20 de Novembro. 20 de Novembro marca a data da morte de Zumbi dos Palmares, é o Dia da Consciência Negra.
Realmente, não há muito o que se comemorar em 13 de Maio... Mas não deixa de ser uma data para a reflexão... 122 anos do fim da escravidão, será? As diferenças sociais, as separações que o regime da escravidão causou no Brasil continuam gritando nos nossos porões...
122 depois, o Brasil ainda arrasta os seus grilhões... O mundo também arrasta, e continuará arrastando até perceber que a raça é uma só: Humana.
Natália Chagas F. S. Máximo
(descendente de alemães, portugueses, negros e muitas outras etnias, porque como dizia Cazuza "o meu sangue é negro, branco, amarelo e vermelho")