18 de junho de 2010

Minha homenagem - José Saramago


      Hoje, 18 de Junho de 2010, a data de morte de José Saramago a literatura perdeu sua veracidade e o mundo uma visão crítica e reflexiva sobre os fatos e sobre a História. Ainda lembro do meu 1º contato real com a obra de Saramago, foi no 4º ano de faculdade. O curso era Literatura Portuguesa VI e a professora era Lílian Jacoto. Devido às greves na faculdade e há um novo calendário, passei todas as férias analisando a obra de Saramago a ser estudada: O ano da morte de Ricardo Reis. E que Janeiro foi aquele! Muitas e muitas páginas de uma literatura extremamente densa, mas que encheram os meus dias de um prazer inexplicável: Saramago me fez acreditar na literatura contemporânea...
      Antes de ler a sua literatura tão crítica e tão densa, suas palavras tão duras, brutas e belas acreditava que a narrativa estava morta, mas ao me deparar com Saramago a literatura voltou a ter um sentido para mim. Saramago me tirou da cegueira sobre a narrativa contemporânea. O autor, José Saramago, nos levava a refletir sobre a veracidade de tudo o que nós lemos durante nossas vidas.
      Comunista, ateu, crítico à Igreja Católica, leitor e crítico da sociedade... Saramago foi o escritor de língua portuguesa mais traduzido no mundo, levou a literatura portuguesa (e toda a produção literária em língua portuguesa) à um status nunca antes alcançado. Nossa língua mãe ganhou prestígio mundial com a obra de José Saramago. Ler Saramago é fundamental! Ele nos provou que a ficção é a melhor estância de compreensão do outro e que diante dos mistérios da escrita e da leitura, múltiplas verdades se contradizem. Assim, nada é absoluto, não há uma única verdade histórica ou literária, tanto a História como a Literatura estão sujeitas há uma cadeia de sobreleituras. A leitura torna-se então, uma labirinto onde o
ficcional e o real se chocam e se confundem, é uma relação balanceada de "verdades históricas" e "mentiras literárias". Saramago dizia que a morte era simplesmete a diferença entre estar aqui e já nao estar... Ele já não está mais aqui, e como lamentamos! Para mim há quatro grandes e "imortais" escritores portugueses que formam o canône da literatura portuguesa. Saramago foi compor essa constelação! Hoje no "Olimpo dos escritores portugueses" estão: Camões, Pessoa, Eça e Saramago... confundem e se encontram.