COVA RASA
Vaga distante
o pensamento meu,
voa sem rumo,
sem ponto aonde chegar.
Meu coração comprime-se,
fica solitário e silencioso
em seu mundo fechado!
Minha alma
quer libertar-se
da inconstância
que me deixa com
o corpo demente!
Meu corpo,
já não aguenta mais
sufocar lágrimas
frias e caladas.
Dentro de mim
mora a floresta negra e devastada.
No peito meu,
fixou-se a raíz da dor,
que abriu buracos,
que não querem cicatrizar…
Na depressão da minha
árvore sofrida,
já não nascem flores coloridas!
Há apenas o gosto
do amargo fel…
Devo ter prudência,
o perigo ronda,
arma ciladas à minha volta!
Na metamorfose,
minha alma se transformará
em uma grande águia,
voará até cansar-se e
atirar-se no imenso abismo
da morte!
No meu coração
a vida
está abortada,
minha mente corrompida
e alucinada,
carregou numa enxurrada
de maus presságios,
todos os meus sonhos e alegrias…
Na minha boca está aposentado
qualquer irônico sorriso.
Não agüento mais estar estática,
não agüento a paralisia humana,
esta eterna falta do que falar!
Sinto-me morta,
morta como as ideologias
e a justiça.
Junto-me ao mundo
rumo ao destino
de uma cova rasa
Por: Natália Chagas
Obs: Publicado na nº. 1 da revista Áporo, produzida pelos alunos de graduação do curso de Letras da USP. Publicada em Novembro de 2007.
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