Meus Poemas II

COVA RASA



Vaga distante

o pensamento meu,

voa sem rumo,

sem ponto aonde chegar.

Meu coração comprime-se,

fica solitário e silencioso

em seu mundo fechado!

Minha alma

quer libertar-se

da inconstância

que me deixa com

o corpo demente!

Meu corpo,

já não aguenta mais

sufocar lágrimas

frias e caladas.

Dentro de mim

mora a floresta negra e devastada.

No peito meu,

fixou-se a raíz da dor,

que abriu buracos,

que não querem cicatrizar…

Na depressão da minha

árvore sofrida,

já não nascem flores coloridas!

Há apenas o gosto

do amargo fel…

Devo ter prudência,

o perigo ronda,

arma ciladas à minha volta!

Na metamorfose,

minha alma se transformará

em uma grande águia,

voará até cansar-se e

atirar-se no imenso abismo

da morte!

No meu coração

a vida

está abortada,

minha mente corrompida

e alucinada,

carregou numa enxurrada

de maus presságios,

todos os meus sonhos e alegrias…

Na minha boca está aposentado

qualquer irônico sorriso.

Não agüento mais estar estática,

não agüento a paralisia humana,

esta eterna falta do que falar!

Sinto-me morta,

morta como as ideologias

e a justiça.

Junto-me ao mundo

rumo ao destino

de uma cova rasa



Por: Natália Chagas

Obs: Publicado na nº. 1 da revista Áporo, produzida pelos alunos de graduação do curso de Letras da USP. Publicada em Novembro de 2007.

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