16 de abril de 2011

Me lembrou Carlitos...






      A Comédia, segundo Aristóteles, trata dos homens inferiores, isto é, trata de homens comuns (questões do dia a dia, rotineiras) ao invés de tratar sobre os deuses. Aristóteles não poderia prever que séculos depois o mundo ganharia um Deus da Comédia. Um homem comum que fez do gênero cômico uma arte elevada, um homem que tornou-se um dos mais aclamados atores e cineastas da História. Esse deus atenderia pelo nome de: Charles Spencer Chaplin.
      Charles Chaplin ficou famoso pelo seu personagem principal: The Tramp, ou Charlot, ou Carlitos, ou O Vagabundo. E que vagabundo mais adorável o cinema nos deu! O andarilho mais gentleman de todos os tempos, trajava um fraque preto (todo surrado), calça larga demais para seu corpo, sapatos gastos e grandes demais, um velho chapéu-coco, uma bengala e usava um bigodinho, além de ser dono de um andar todo seu.
     Chaplin nasceu em 16 de abril de 1889, em Londres e estaria celebrando 122 anos de vida. Em 1913 muda-se para os EUA onde inicia sua carreira no cinema. No começo, Chaplin que havia crescido no teatro vitoriano, teve dificuldade para adaptar-se a esse meio. Com o tempo, ele mesmo dirigiu e produziu seus filmes e assim, dominou a 7ª arte como ninguém. Charles foi deixando o pastelão de lado e introduzindo sentimentalismo ao gênero. A comédia de enganos, o personagem que gozava dos outros e dava-lhes pontapés e tijoladas também foi ganhando emoção, afeto e uma dose de pathos. Seus filmes, em um timing perfeito, nos causam o riso e o choro, a alegria e a emoção. Que outro vagabundo poderia ter causado mais afeto em seu público? Havia também um tom de crítica em seus filmes, crítica à modernidade e aos regimes ditatoriais.
      O país em que se consagrou artisticamente, tratou-lhe mal. Na era do macarthismo foi acusado de atividades anti-americanas, incluido na lista negra de Hollywood. Muito disso foi causado pelas especulações e boatarias da chamada impressa-marrom. Em 1952 o visto de emigração de Charles Chaplin foi revogado pelo governo americano, que se aproveitara de sua viagem ao Reino Unido para divulgação de um filme. Chaplin, então, exila-se na Suíça.
      Vinte anos depois, Carlitos retorna aos EUA para receber um Oscar Honorário e foi ovacionado em pé por cerca de dez minutos. Será que nesses aplausos, havia um certo pedido de perdão por parte daqueles que lhes viraram as costas anos antes? O olhar de Chaplin, embaixo do telão que exibia imagens de seus filmes, assistindo a essa homenagem com os olhos marejados é algo marcante. Nessa época sua saúde já ficava debilitada e cinco anos depois, aos 88 anos, em uma noite de Natal as cortinas do mundo fecham-se para ele.
      Chaplin jamais será esquecido, seu clássico andarilho será eternamente lembrando, assim como seus clássicos filmes: Vida de cachorro, O Garoto, Pastor de almas, Em busca do ouro, Tempos modernos, O grande ditador, O circo, Luzes da cidade e Luzes da ribalta, Um rei em Nova York, etc. As canções de seus filmes também sempre embalarão nossos corações.
      Chaplin nos ensinou muitas coisas, e principalmente, nos ensinou que apesar de todas as adversidades nunca deveremos deixar de sorrir. Como não abrir um sorriso com Carlitos? Obrigada por tudo Sir Charles Chaplin!

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